Bom, vamos ao fim de semana do dia 13 a 15 de agosto, minha participação no Circuito Triathlon Long Distance, etapa Rio de Janeiro.
Inicio minha crônica confirmando uma constatação, o Rio de Janeiro é lindo pra caramba, cheguei de avião as 11:00, e pude conhecer previamente a cidade de cima, com certeza entra na minha lista de cidades mais lindas do mundo, logo a baixo de Florianópolis é claro, hehehe.
Fui recebido no aeroporto pelo ex-triatleta olímpico Armando Barcellos, atual sócio da 3A Distribuidora, um dos meus patrocinadores. Na sexta-feira mesmo pude dar uma rodada pela cidade e conhecer, mesmo que rapidamente, o percurso da prova. Fiquei impressionado com o relevo da orla e me surpreendi com o ânimo e educação dos cariocas. De noite fomos jantar com o resto da equipe da 3A em uma bela pizzaria a beira mar, preciso salientar, excelentes pizzas.
No sábado conheci um pouco mais do Rio, porém já em um clima de concentração, ficando mais recolhido na casa de amigos. Soube que o número de atletas na elite havia triplicado naquele dia e a prova ganhara um nível ainda mais elevado, pois largaria com atletas de grande experiência e resultados internacionais. Finalizei o dia com a montagem da minha bicicleta, com grande auxilio do Armando e algumas esfirras.
Domingo amanheceu frio e molhado, engraçado, pois era uma realidade diferente do que os cariocas vinham desfrutando, entretanto, realidade normal para mim, fugitivo do frio de Florianópolis, região sul do Brasil que vinha sendo castigado pela ausência de sol e temperaturas abaixo de 15ºC.
Fomos de carro para a largada, chegando lá, ao me preparar para fazer o chek-in dos equipamentos na área da transição, constatei algo que me levou a um sentimento perto do desespero. Onde está minha suplementação???
A suplementação nada mais é do que nossa alimentação diária em forma de gel, shake ou cápsulas. Isso por que gastamos em média 5 mil calorias em uma prova deste tamanho e não podemos parar a prova para comer, logo, a suplementação é o combustível de uma máquina de alto consumo. Sem suplementação... Bom, dá para continuar, mas a velocidade... Já era.
Procurei rapidamente alguma barraca da organização que estivesse vendendo, algo comum nas provas, menos nesta prova. Consegui algumas doações, de marcas que não havia testado e com apenas 50% da necessidade calórica prevista, segui para a transição. Bom, como não havia mais nada o que fazer, o negócio era relaxar, concentrar e socar a marreta. A idéia era ir administrando a ingestão do pouco suplemento alimentar que possuía, para ver se dava para agüentar até o fim. Dividi o que tinha em três partes e torci para que a perda não fosse muito grande. Como havia dito, o nível da prova estava bem elevado, então nem pensava mais em resultados, apenas em fazer uma boa prova. Lembrei de uma passagem da biografia de Michael Jordan, que li durante o vôo para o Rio,onde ele dizia que o medo nada mais é que um sentimento ligado com a preocupação das possíveis conseqüências de um ato, que se concentrássemos apenas na execução do ato e não nas possíveis conseqüências, o medo desapareceria. Anotem: isso realmente funciona. Então, vesti a roupa de borracha e entrei na água para iniciar o aquecimento para a prova. Decidi iniciar a prova a 90% do treinado, meio frustrante, mas tinha que competir com mais racionalidade do que emoção dada às proporções da situação. A praia do Aterro do Flamengo, local da largada,com relevo de praia de tombo,é um pouco diferente das praias que normalmente compito, porém nada que atrapalhasse a entrada na água, apenas outra constatação. Das duas voltas de 950m, a primeira nadei bem próximo dos lideres, na segunda segurei o ritmo e não acelerei com eles, saindo da água, ao final de 1,9km a 3’ do argentino Ezek, vencedor da prova.
No ciclismo, os 90km foram percorridos em um circuito sobre um dos elevados que liga a cidade do Rio de Janeiro a Niterói, o asfalto era um pouco acidentado e encontramos fortes ventos que foram aumentando ao longo das pedaladas. Após a saída da T1(primeira transição), ao iniciar o pedal, lembrei de uma aula de fisiologia do exercício na faculdade, lá estudávamos que o comprometimento do rendimento do atleta se dá, na maioria dos casos, pelo acúmulo de íons de hidrogênio na corrente sanguínea, causando a acidose metabólica, e, alguns sais e minerais como Cloreto de Sódio, servem como um tampão fisiológico, neutralizando os íons e elevando o Ph, assim, retardando a fadiga e diminuindo a perda exponencial do rendimento. No primeiro posto de abastecimento não pensei duas vezes, entre escolher água ou uma bebida com eletrólitos, entre os eletrólitos o cloreto de sódio, peguei a bebida com eletrólitos.
Bom, a teoria é boa, porém não resolve todos os problemas, após 45km de duro pedal, senti a falta de glicose pesar. Estava ingerindo 50% menos de carboidratos e calorias do que precisava para manter o ritmo, isso fez com que os últimos 30km fossem bem desgastantes e minha média de velocidade despencasse.
A corrida não poderia ser diferente dos últimos quilômetros do ciclismo, tentei já sair correndo em uma velocidade inferior do que a planejada e incansavelmente treinada, para não travar de vez e ter que caminhar ao longo dos 21km a serem percorridos.
Bom, a posição final não foi a esperada e muito menos o tempo final, porém, conheci uma nova prova e para mim, definitivamente a etapa do Rio de Janeiro estará no meu calendário de 2011.
Gostaria de agradecer toda a equipe da 3A Distribuidora que tão carinhosamente me acolheu, Armando pela paciência e hospitalidade, Fernando e Ju pelo sorvete com café. Agradeço pelo apoio e aposta do Diretor Luis Carlos Schlichting da Universidade Estácio de Sá de SC. Agradeço muito toda equipe da SkyHill, Flavio, Marcio e Emerson, pelo apoio e coragem. E principalmente, Sabrina e Caio, meus amores e principal motivo de tudo isso.
Abraços a todos, saúde e bons treinos.
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